Fazenda da Esperança – Dom Marcelo Pinto Cavalheira

No inicio do ano 2000, vivi interiormente dois momentos diferentes de minha vida.

PRIMEIRO

Agradecendo muito a Deus estava terminando mais de duas décadas “conflitivas”, junto aos trabalhadores do campo na Diocese de Guarabira, na equipe da CPT, da qual eu era e ainda estou Coordenador. Foram assentadas três mil e duzentas famílias de agricultores 58 assentamentos.

SEGUNDO

Com 63 anos de idade “34 no Brasil”, estava iniciando com saúde um novo milênio. Que trabalho pastoral, novo e diferente, de serviço poderia ainda realizar?

Na Diocese, desde 1990 havia o Abrigo Amecc (Associação Menores Com Cristo). Menores abandonados eram acolhidos pelo Padre Geraldo.

Inesperadamente, recebi da Itália, uma doação. A irmã de um médico falecido, “em sufrágio da alma dele”, ofereceu uma quantia destinada a um possível trabalho com crianças abandonadas.

Nasceu uma inspiração: abrir uma comunidade que acolhesse crianças e adolescentes, gênero feminino em situação de risco.

Aconselhado por amigos e de acordo com o Bispo de Guarabira da época,  Dom Antônio Muniz, decidimos o início da Comunidade Talita. No dia 08 de abril de 2001, iniciou o trabalho. Mais tarde foi formada uma diretoria, um estatuto, um regime interno e alcançamos a Filantropia. Em seguida vieram as construções necessárias para um adequado atendimento as menores, conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Foi construída a secretaria, a área São Francisco, a área Madre Tereza de Calcutá, o Ateliê (onde tiveram cursos em parceria com o SENAI), a biblioteca, a enfermaria, o salão de beleza, a piscina, a garagem, etc. Aos poucos foi arrumada a área rural, que era de pastos e de mato rasteiro. Por necessidade foi construída uma ponte de 20 metros para atravessar o rio que corta a propriedade e um muro de 945 metros necessário para evitar continuas invasões de pessoas perigosas, animais, etc. A finalidade do Abrigo era garantir o processo de inclusão social das crianças e adolescentes da convivência sócio-familiar, através de acolhimento provisório e da recomposição dos vínculos familiares. No inicio eram de 08 a 10 adolescentes; nos últimos anos normalmente eram acolhidas de 25 a 30 crianças e adolescentes. Ao todo passaram 220 crianças e adolescentes.

Desde o inicio o meu problema ERA A CONTINUIDADE e busquei sem êxito pessoas ou instituições que pudessem assumir. Completando 80 anos apareceu uma possibilidade. O Padre Geraldo da Amecc, tinha encontrado os padres Calabrianos (Pobres Servos da Divina Providência) para dar continuidade a instituição Amecc. Então surgiu ideia da unificação dos Abrigos. Também era desejo do poder judiciário. No verão de 2019, de acordo com o Bispo atual de Guarabira, Dom Aldemiro, com o Bispo de Alba, CN Itália (minha Diocese de origem) e colaboradores, de acordo com o padre Geral dos Calabrianos (in Verona na Itália), de acordo com os colaboradores da Alemanha (que visitei pessoalmente), a unificação foi aprovada. Ainda mais acharam maravilhoso o proposito que o Abrigo Talita, terrenos e casas fossem destinados para os trabalhos da Fazenda da Esperança, para pessoas dependentes químicas.

A unificação Talita e Amecc, deveria acontecer no final de março/2020, mas devido a pandemia realizou-se no mês de julho/2020. Atualmente a Fazenda da Esperança já se instalou nesta área, iniciando seus trabalhos. Eu agradeço infinitamente a Deus que foi realizado o desejo inicial: tendo doado tudo a Diocese (terrenos e casas), continuasse o compromisso da Fazenda da Esperança, conforme Bem Aventuranças do Evangelho e o carisma e experiência da Fazenda, na mesma localidade do Abrigo Talita.

Guarabira, 30 de novembro de 2020.

Atenciosamente

Mons. Luigi Alberto Pescarmona